AECOPS - Associação de Empresas de <br>Construção e Obras Públicas

 
Cristo Rei traduziu um desafio para a engenharia portuguesa  
04/12/2008
 
A construção do Cristo Rei foi executada pela OPCA (que depois da fusão com a Sopol originou a actual Opway) e custou cerca de 18 mil contos (90 mil euros), uma verba obtida por subscrição nacional, mas cuja totalidade apenas ficou reunida em 1956.
O monumento, inspirado no Cristo Redentor do Rio de Janeiro, tem uma altura total de 110 m, pesando cerca de 40.000 t. A estátua, propriamente dita, tem 28 m de altura e a mesma distância medida na largura dos braços (sendo que cada um mede 10,0 m). A cabeça da imagem tem 4,05 m.
A base do monumento tem 25x25 m, assentando num pedestal com 82 m de altura. A sapata está a 14 m de profundidade.
Para a sua construção, cujas fundações foram iniciadas em Fevereiro de 1951 (depois de terem sido adjudicadas por 3.020 contos), foram empregues 16.700 m3 de betão armado com 40.000 t, 750 t de madeira, 1.100 t de aço e 82 t de andaimes metálicos. Foram ainda utilizados materiais como a alvenaria, pedra de calcário e vidro moído.
O projectista foi o arquitecto António Lino, que se baseou numa obra de engenharia de Francisco de Mello e Castro, que participou, também, na direcção da construção. O resultado foi um empreendimento de arquitectura religiosa marcadamente do período do Estado Novo e que assenta numa linguagem funcionalista.
Os trabalhos de escultura foram da autoria de Francisco Franco.
Embora os trabalhos só se tenham iniciado em 1951, a decisão de construir o monumento foi tomada quase dez anos antes, aquando da aquisição do terreno. Os principais entraves ao decorrer do processo foram de origem financeira, pelo que o lançamento da primeira pedra se deu apenas em Dezembro de 1949 (estavam então reunidos apenas 1.350 contos, o que era claramente insuficiente para a obra).
Em finais de 1956, o pedestal estava concluído e ao longo dos dois anos seguintes foram executados o molde e a fundição da imagem, ao mesmo tempo que se preparavam os acessos e se montava o elevador.
Por fim, a inauguração deu-se a 17 de Maio de 1959.

Edifício de culto com vista para Lisboa

Este marco de culto, encomendado pelo Episcopado Português e hoje entregue à alçada da Diocese de Setúbal, está implantado numa colina areosa na antiga Quinta do Pau da Bandeira, no Pragal.
O monumento é constituído por um pedestal quadrado, em tronco de pirâmide, formado por quatro arcos (orientados de acordo com os pontos cardeais). A cobertura do pedestal, onde assenta a base de apoio à imagem de Cristo, forma um terraço.
Na parte inferior do monumento foi construída uma capela (de Nossa Senhora da Paz), instalada entre os arcos e que ocupa um quinto da altura do pedestal. A sua entrada principal é feita através de um portal de estrutura rectangular, que ocupa toda a largura da construção. Nas restantes fachadas existem vãos de portas de menor dimensão.
Os elevadores de acesso ao terraço panorâmico do monumento, situado a 79,30 m acima do terreno e a 192 m do nível do Tejo, circulam pelo interior de dois dos pilares. Os visitantes podem aceder ao exterior da figura a partir das mãos e da cabeça.
A estátua possui ainda, no seu interior, uma escada metálica, para permitir o acesso exclusivo aos técnicos de manutenção.
Dada a sua envergadura, a construção do monumento representou, na altura, para a OPCA, "um desafio de engenharia", que envolveu "os engenheiros, artistas, arquitectos e empresas de maior renome à época".
A obra foi desenvolvida de modo faseado, até por imposição financeira. Ou seja, e como refere a OPCA, "ao longo de mais de uma década, a construção do monumento vai acompanhando o ritmo das colectas públicas e doações particulares".

Intervenções realizadas

Ao longo dos anos, o monumento e a sua envolvente têm sofrido diversas intervenções de melhoramento.
Assim, já em 1987 pretendia-se construir 16 edifícios para albergar serviços de apoio aos peregrinos, entre os quais se contavam um restaurante, um centro comercial e um centro de acolhimento de visitantes. Este último imóvel, do qual se destacam as fachadas revestidas a tijolo de burro, alberga espaços diversificados, como uma biblioteca, um bar, dois salões e uma capela, distribuídos por uma planta rectangular de três corpos.
Em 1999, a tutela do monumento passou para a Diocese de Setúbal, avançando-se em 2001 com a execução de trabalhos gerais de limpeza e restauro, que ficariam concluídos em Fevereiro do ano seguinte. Estas obras foram desenvolvidas com o apoio da Universidade Nova de Lisboa, através da Faculdade de Ciências e Tecnologia e financiadas, em parte, com a ajuda dos Ofertórios de todo o País.
Em Junho de 2004 foi inaugurado um refeitório com capacidade para 150 pessoas e duas camaratas para albergar 21 jovens e um ano mais tarde foi a vez de abrir ao público o Salão Polivalente João Paulo II, composto por um refeitório para 150 pessoas e uma sala para 80 visitantes, bem como o chamado "Espaço Jovem", que inclui duas camaratas, com capacidade total para 52 pessoas, um refeitório e uma cozinha.
No ano de 2006 foi a vez de realizar obras de melhoramento na Capela de Nossa Senhora da Paz, com a colaboração do arquitecto João de Sousa Araújo, que foi também o autor da Sala Beato João XXIII, aberta em 2007, tal como o espaço envolvente da zona do elevador.
Até final do corrente ano, será inaugurado o renovado espaço de culto situado no salão existente no último piso do monumento.
Os projectos para a requalificação do Monumento do Cristo Rei não se ficam por aqui, uma vez que os seus proprietários estão a planear um conjunto de intervenções para assinalar o seu Jubileu. Entre estes projectos estão a construção de um miradouro panorâmico para Lisboa e de um Oratório e o embelezamento da base do pedestal com trabalho de escultura em bronze, e a criação de diversos espaços verdes.
Por outro lado, e considerando a importância do monumento para Almada, está em estudo um projecto do seu enquadramento estratégico com a cidade, encomendado pela Câmara Municipal local.